Vilmar Gress com a imagem do santo: apoio às famílias 
A movimentação dos agricultores que serão atingidos pela Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu se apegou à religião, às amizades com os moradores que vão ficar na Linha Marechal Lott, distante dois quilômetros da futura usina, aos deputados estaduais e federais e a maior símbolo da pátria: a bandeira nacional.
Na chegada ao acampamento montado às margens da estrada de terra, no começo da tarde de domingo, 14, a primeira coisa que observei foi uma cruz colocada numa encruzilhada e a bandeira do Brasil. A cruz na encruzilhada parecia demonstrar a situação em que vivem os agricultores: se ficar “o bicho come, se correr o bicho pega”. Várias faixas foram colocadas numa cerca de arame farpado, cobrando da Neoenergia a abertura de negociações, que as negociações sejam éticas e também criticas os valores propostos.

As barracas foram montadas numa clareira. Por ali havia um fogão improvisado, chaleira esquetando a água do chimarrão, que passava de mão em mão. O pessoal ouvia as músicas sertanejas no rádio e conversava assuntos diversos, num clima de tranquilo, pelo menos naquele momento.

Estavam ali, na recepção à reportagem do JdeB, um grupo de dez pessoas de várias idades. Vilmar Gress, agricultor e morador Marechal Lott, também estava junto com o pessoal. Ele chegou a carregar a imagem de São João Batista para demonstrar a fé do povo num desfecho favorável às famílias.
“Tô protestando contra os baixos preços das terras, eles (Neoenergia) não querem negociação. Eles querem só ocupar as terras e não querem pagar o justo que vale. Eu tô junto até a hora que precisar. Não vamos abrir”, disse o agricultor.
As famílias se reuniram no centro comunitário da vila domingo de manhã, conversaram sobre o movimento e depois foi servido o almoço. Alguns vieram de ônibus e outros de carro de municípios próximos que também terão áreas alagadas pela hidrelétrica.
 Ao lado do pavilhão estavam algumas máquinas e caminhões da empreiteira Odebrecht, que vai construir a usina. Dois garotinhos olhavam para as máquinas, possivelmente admirados. Veículos e máquinas novos, prontos para começar o trabalho.
A reportagem chegou ao local para colher mais alguns depoimentos e fotos. Mas o pessoal sugeriu que as fotos fossem feitas no acampamento, distante cerca de 500 metros dali. Em pouco tempo as pessoas se deslocaram até lá. A foto foi diante da cruz e o pessoal fez até pose. Naquele momento, vários moradores aproveitaram para assinar uma lista de presença.
A corrente que teria impedido a passagem de alguns veículos já não estava mais colocada entre os palanques. Mauro Zapani disse que o tráfego estava normal. Mas a mesa do altar em que foi celebrado um culto no dia anterior continuava ali, no meio da estrada. Em cima da mesa havia uma cruz  com a imagem de Cristo e uma imagem de São João Batista. Alguns veículos passaram pelo local, mas ao lado da mesa.


Publicado em: 16/07/2013 - 09:52 | Atualizado em: 16/07/2013 - 16:33